sexta-feira, 10 de junho de 2016

DEUS VENDE

Mais uma vez parado no trânsito em Aracaju.  Mais uma vez aqui, e não ali e nem lá.  Simplesmente parado aguardando para poder continuar indo.  Infelizmente está virando rotina! Mas não vou usar deste espaço para reclamar: nem só desconfio que não fará muita diferença como também vou acabar sendo chato.
Então só me resta olhar o mundo ao meu redor, também para tentar me distrair – sempre há algo pra se ver.
E não é que eu me vejo parado atrás desse aí!  Qualquer descrição escaparia ao inusitado da situação: "Deus vende" (a foto está aí para mostrar).  Vamos tentar.  Ao que me parece tinha uma frase no vidro do carro – acho que algo do tipo Deus é fiel ou qualquer coisa parecida – então o cidadão decidiu vender o carro e colou o anúncio por cima.  E então ficou assim.
Sei lá, acho que foi assim...
Mas também vou deixar pra lá o carro e seu adesivo – fique com o curioso – acho que cabe um kkkkkk bem ao estilo internet de escrever.
E, parado olhando, a reflexão começa a fluir.  E é ela que deve nortear essas linhas aqui.
A primeira coisa que me vem à mente é a concepção de um Deus mercantilista, comerciante.  A ideia a princípio já é estranha, mas continuar estendendo o conceito só pode ficar pior: um Deus que troca e barganha bens e valores.
— Misericórdia!!!
Sei que muitos púlpitos e mídias têm trilhado perigosamente este atalho teológico.  Não é novidade.  E em nome de números do ibope eclesiástico vai-se acomodando o teor do que se prega e mercadejando a doutrina.
Continuo refletindo e a Bíblia salta necessariamente ao centro da reflexão.  Ela se impõe.  Os textos começam a pipocar.
=> Jesus chama de ladrão e salteador quem não entra pela porta mas toma um atalho para o rebanho (a expressão eu encontro em Jo 10:1) – suspeito!
=> Em Isaías eu leio o convite divino a adquirir sem dinheiro e sem preço vinho e leite (55:1) – acho que os britânicos diriam: amazing!
=> Na verdade, nós fomos comprados por um preço caríssimo, o sangue precioso do Cordeiro (compare 1Co 6:20 com Ap 5:9) – acompanho o cântico eterno do Apocalipse.
=> A maior dádiva nos chega como dom gratuito e não como recurso de negociação (é indispensável considerar Rm 6:23) – está ficando cada vez melhor.
=> Ainda mais um.  Jesus desceu o chicote nos que estavam transformando a Casa de Oração em mercado (relembre a narrativa em Jo 2:14-16) – essa pesou!
É absurdo como alguém pode associar o santo nome de Deus ao mercado e aos negócios (entendo que o terceiro Mandamento se aplica aqui – Ex 20:7 e Dt 5:11).  Não tenho dúvida em afirmar que tratar os bens espirituais como mercadoria ofende frontalmente a santidade de Deus. 
Achou pouco?  Aí vai mais.  Não se pode servir a Deus e ao dinheiro (é sério Mt 6:24).  Estendo a interpretação deste texto como uma alusão à própria idolatria.  A visão mercantilista da fé cristã é idolátrica.  E ponto.
E antes que esqueça.  Foi contra tais práticas que Lutero empreendeu sua Reforma no século XVI.  E que bendita herança nos legou.
Pondo uma conclusão na reflexão.  Talvez receando que piore mais.  Pense.
Deus não vende suas boas dádivas (Tg 1:17 merece decorar) – e muito menos se vende.  E vou terminar com a citação fundamental.
Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho Unigênito para que todo aquele que nele crer não pereça mas tenha a vida eterna (Jo 3:16).
Deus não vende, ele se dá por amor.  Gloria pois a ele.

2 comentários:

  1. E Verdade Deus não vende nada Ele se Deu totalmente pelo pecador Glória pois A Ele eternamente AMÉM

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