Percival Puggina
Para
Rosa de Luxemburgo, o internacionalismo bolchevique era prova de
inteligência política. Eis por que as manifestações de rua favoráveis ao
governo são vermelhas. Eis a razão de existir do Foro de São Paulo.
Está aí a função da Unasul e a "Pátria Grande".
Uma
das consequências mais graves da apropriação do Estado por um partido
político, como faculta nosso modelo institucional em sua
irracionalidade, é o alinhamento do Itamaraty ao departamento de
relações internacionais do Partido dos Trabalhadores. Não estou falando
de uma hipótese ou de mera possibilidade. Nos últimos 13 anos, o que
afirmo se expressa em longa lista de eventos. Dívidas perdoadas, contas
não cobradas, financiamentos em condições especialíssimas, contratos
sigilosos, acordos, extradições e por aí vai. O convênio que permitiu a
vinda de médicos cubanos, por exemplo, é um caso escandaloso de
superfaturamento, cujo objetivo visava mais à saúde financeira da
empresa Castro&Castro Cia. Ltda. do que à saúde da população
brasileira.
Mesmo
que os financiamentos do BNDES sejam vistos como operações comerciais
de interesse do mega-empresário pernambucano Luiz Inácio Lula da Silva,
ainda assim sobram exemplos para comprovar a influência petista nas
relações externas do país. Nelas, sempre e sempre, a conta vem para nós,
pagadores de impostos. O Brasil petista é o rei do camarote na América
Ibérica.
O
mesmo não se pode dizer das relações do governo com os Estados e
municípios da Federação. Aqui as condições invertem, as torneiras se
fecham, as contas são cobradas e a pontualidade nos pagamentos sai do
calendário e vai para o relógio. Para a virada do ponteiro, como acaba
de acontecer com o Rio Grande do Sul. Por quê?
O
motivo é simples. Basta ter lido o Manifesto Comunista. Não precisa,
sequer, dar-se à canseira de ler nosso marxista de exportação, Michael
Löwry. O que está dito no Manifesto explica muito da história do
movimento comunista internacional. Para Marx, o capitalismo era apátrida
e o comunismo também deveria ser. Por isso, ele ensina que "o
proletário não tem pátria" e o Manifesto se encerra com a consigna:
"Proletários de todos os países! Uni-vos!". Para Rosa de Luxemburgo, o
internacionalismo bolchevique era prova de inteligência política. Eis
por que as manifestações de rua favoráveis ao governo são vermelhas. Eis
a razão de existir do Foro de São Paulo. Está aí a função da Unasul e a
"Pátria Grande". Quando o governo brasileiro concede favores a Cuba,
Venezuela, Equador, Bolívia, Nicarágua, Argentina, não é ao povo de cada
um desses países que tais favores se dirigem, mas à unidade ideológica
que interliga os respectivos governantes. É um apoio aos Castro, a
Chávez e a Maduro, à Rafael Correa, a Evo Morales, aos Kirchner e a
Daniel Ortega. Danem-se os respectivos povos e suas liberdades! Danem-se
como se danaram os paraguaios quando o parlamento daquele país deu um
"basta!" a Lugo, o bispo vermelho e sacripanta.
Estas
reflexões são motivadas pelo transcurso da Semana da Pátria. Ela, como
objeto de reverência, não entra nas reflexões de quem governa o país
desde 2003. Eis o motivo pelo qual o imenso transatlântico chamado
Brasil foi jogado irresponsavelmente contra os rochedos onde naufraga a
esperança que um dia se anunciou vencedora do medo. Dane-se, também, o
povo brasileiro, se isso for necessário para conquista e permanência no
poder. Danem-se a ética, a responsabilidade, a competência, a
credibilidade. Não é o Brasil e seu povo que interessam. É Lula. É
Dilma. É o partido. É o poder. E viva o acordão!
www.puggina.org
Fonte: Mídia Sem Máscara
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